Conheça o Slow Design
O movimento global que nos convida para desacelerar o consumo, valorizar a produção local através do desenvolvimento econômico e social sustentável.
Estamos extremamente conectados, acelerados, incentivados ao consumo a todo instante, expostos ao capitalismo voraz de fabricação em massa e a valorização dos produtos feitos em grande escala.
Dessa forma, surge um conceito que se contrapõe, que valoriza o artesanal, o consumo consciente e sustentável: o Slow Design.
O conceito de Slow Design derivou do Slow Food surgido na Itália para promover o bem-estar dos indivíduos, da sociedade e da natureza – em radical oposição ao estilo de vida baseado nos modelos consumistas – e busca fazer isso através dos processos para criação de objetos que fogem às linhas de produção em massa, com o desenvolvimento de peças atemporais que valorizam o processo – o meio é tão importante quanto o fim – e uma atenção especial a matéria-prima e a volta às raízes das técnicas manuais.
No Slow Design o tempo de produção é maior, mas a redução do impacto na natureza no processo de manufatura é a prioridade.
Desse modo, é possível promover o bem-estar dos indivíduos, da sociedade e da natureza, aplicando-se literalmente a sustentabilidade a todo o processo.
Esse consumo consciente sugere uma reflexão sobre os hábitos do consumidor, tanto no quantitativo, como no qualitativo, já que reduzir o ritmo de consumo aliado a melhor forma de consumir faz parte desse momento atual de rever todas as etapas de criação e fabricação, de maneira consciente e sustentável, através da valorização dos processos artesanais, utilizando matérias-primas regionais e produção local, além da reciclagem e da extensão de vida útil do produto.
Uma artista que personifica o Slow Design é a arquiteta e designer Ines Schertel, que ao se mudar para a Serra Gaúcha e ter sua criação de ovelhas juntamente com o seu marido, não sabia o que fazer com as lãs retiradas no período da tosquia.
Assim começou uma pesquisa sobre processos naturais de beneficiamento da lã, através de uma técnica milenar originária dos povos nômades da Ásia Central, que a fez ir até lá para aprender in loco o processo de fricção manual das fibras, que encolhem e formam o feltro, matéria-prima que é aplicada em objetos e mobiliário.
Ines já desenvolveu luminárias, bancos e outros itens que chamam a atenção pelo uso do material de uma forma diferente e inusitada, com respeito ao tempo de cada material, resultando em peças cheias storytelling, pureza e com pegada minimalista.
á no Rio de Janeiro, o Wabi- Sabi Ateliê da designer Laura Sugimoto, através de uma produção botânica impecável nos conecta com uma vida sem excessos, com arranjos minimalistas e pouco convencionais.
Como o próprio nome diz, “Wabi” é a busca pela simplicidade e o contato com a natureza, enquanto “Sabi” é a ação do ciclo do tempo, marcas que carregam histórias.
Em sua loja-ateliê cercado pelo verde da Joatinga, com uma luz sublime, desde 2012 é buscada e explorada a união entre produção artesanal, design contemporâneo, artes visuais e natureza, inclusive com resgate de técnicas tradicionais.
Fabiano Ravaglia
1 comments