Apesar de ser carioca, foi o Museu da Casa Brasileira, de São Paulo, que escolheu o arquiteto Bernardo Figueiredo (1934-2012) para ser homenageado com uma grande exposição que se estenderá até o mês de dezembro: “Bernardo Figueiredo, designer e arquiteto brasileiro”. A exposição é dividida entre o hall de entrada e as três salas principais do Museu e apresenta desenhos, fotos de suas peças, a maioria fabricada na Schuster, empresa do Rio Grande do Sul.
Numa das salas estão 11 peças produzidas nos anos de 1960 do acervo do arquiteto, fotos e ambientações dessa época inclusive da própria casa de Bernardo. Uma curiosidade é um vídeo com trechos do filme “Garota de Ipanema” de Leon Hirzman, de 1967, cuja segunda residência de Bernardo serviu de locação para a película. Também interessantes são as fotos do porão da loja Chica da Silva, da figurinista Kalma Murtinho, um dos points da inteligentzia e da sociedade carioca onde era vendido um estilo de moda descolada, artesanato e os móveis do designer.
Desenhos de seus projetos urbanísticos para a cidade de Porto Seguro (onde morou) são outro ponto interessante além da sala dedicada ao Palácio do Itamaraty, onde fica o Ministério das Relações Exteriores em Brasília.
Estão expostos móveis originais como a Cadeira dos Arcos e a Poltrona Rio, que dividem espaço com as reedições produzidas pela Schuster como a Cadeira Bahia e a Poltrona Leve, que fazem parte do projeto do Palácio. A sala conta ainda com reedições dos sofás Conversadeira, que podem ser usadas pelos visitantes e o vídeo Palácio dos Arcos, criado por sua filha, a atriz Angela Figueiredo, com fotos e imagens de 1967 e 2017.
Em um terceiro espaço serão apresentados móveis reeditados pela fábrica gaúcha Schuster que desde 2011 produz as peças do arquiteto.
“Relançar os móveis do Bernardo significa manter vivo o legado e a própria história do mobiliário nacional. Suas dificuldades, necessidades e propostas de solução. Tudo isso sempre apresentando uma brasilidade típica junto à discussão do jeito de ser e morar do brasileiro e suas relações com a natureza e sua filosofia própria”, comenta Wilson Schuster, diretor da empresa gaúcha.
Para completar esse belo resgate, a editora Olhares juntou um farto material fotográfico e está lançando, nesse mês de outubro, um livro com o mesmo nome da exposição. As autoras do livro e curadoras da mostra são Angela Figueiredo, Maria Cecília Loschiavo dos Santos, professora titular de design da FAUUSP, Amanda Beatriz Palma de Carvalho, doutora em Design e Karen Matsuda, mestre em Design pela mesma instituição.
Quem quiser poderá assistir a uma mesa de debates virtual com as curadoras na página do MCB no próximo dia 7 de outubro.
“Bernardo foi um homem de pensamento aberto e sua identidade profissional sempre esteve imbricada com as condições culturais e sociais do Rio de Janeiro de seu tempo. Ele se envolveu em diferentes experiências profissionais e humanas, sempre com uma atitude aberta e positiva, expandindo suas práticas criativas em direções interdisciplinares e em constante fluxo no Brasil e no exterior”, diz Maria Cecilia Loschiavo.
Ao destrinchar o pensamento de um profissional multidisciplinar, que se formou no auge do período moderno e atuou com pioneirismo e sucesso em diversas tipologias, livro e exposição preenchem uma lacuna importante sobre os campos de arquitetura e design no Brasil na segunda metade do século XX, indo além de nomes de maior evidência para ampliar os conhecimentos do período. A narrativa parte do ambiente em que Bernardo cresceu, se formou, e iniciou sua vida profissional, nos anos 1950, no Rio de Janeiro.
A partir disso, faz uma revisão sobre sua atuação em capítulos sobre o design de móveis no auge da produção moderna; seu protagonismo no projeto do Itamaraty, um dos mais elaborados de Brasília; sua arquitetura, que inclui dezenas de edifícios no Rio de Janeiro; estandes premiados para feiras internacionais, participando da construção da identidade brasileira no período, projetos precursores de shoppings centers, sua experiência em Porto Seguro, onde morou, foi ativista de causas ambientais e desenvolveu um projeto urbanístico e, por fim, a volta de seus produtos ao público através da reedição de suas peças.
“O móvel brasileiro existe quando atende às condições próprias da nossa gente. É essa exatamente minha preocupação ao criar um modelo. Proporcionar através do conforto, plástica, materiais e autenticidade, o encontro daquilo que é acima de tudo útil para quem o procure. É uma questão de identidade”, dizia Bernardo Figueiredo, cuja carreira esteve ligada ao Rio de Janeiro onde nasceu e se formou em 1957 pela FAU-UFRJ, especialmente em Ipanema, que era o epicentro da cultura brasileira no período. Conviveu com Oscar Niemeyer, Athos Bulcão, Bruno Giorgi, Sergio Rodrigues e Joaquim Tenreiro.
Indo a São Paulo, vale visitar a exposição (Av. Faria Lima, 2705) e para completar, mergulhar no livro da editora Olhares que tem fotos de André Nazareth e patrocínio da Schuster, e o melhor, aproveite o cupom de 15% desconto para os leitores da Conexão Décor. Na hora da compra use: CONEXAODECOR ou, se preferir, na lateral do site você encontra um link direto para a editora Olhares. É só clicar!
Com 176 páginas e edição bilíngue, é uma oportunidade de conhecer – ou aprofundar-se – na obra desse arquiteto. E torcer para que a mostra também chegue ao Rio.
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