Os ambientes instagramáveis: o design de interiores sob a ótica do marketing digital
por Fabiano Ravaglia
Você já ouviu falar em ambiente instagramável?
Se isso é novidade pra você, tenha certeza que você já vivenciou isso em algum momento.
Surgida no mercado de varejo para divulgar os produtos das marcas, instalações interativas se espalharam nas redes sociais como uma estratégia do marketing digital, fruto do desejo da nova geração de consumir experiências e causar impacto em um mundo cada vez mais apegado à imagem e conteúdos visuais.
Assim, surgem os ambientes instagramáveis.
Em um momento de profunda crise no mercado da arquitetura e do design de interiores, um dos fatores responsáveis pelo encerramento de diversas revistas do ramo, o Instagram é o veículo de divulgação e consumo do mercado, como também de captação de novos clientes.
Sendo assim, não levou muito tempo para o mercado de interiores absorver esse tipo de marketing digital e criar ambientes de visual impactante – e se puder interagir, melhor ainda – que vale o clique.
Nessa lógica do mercado, sai na frente aquele profissional que causar mais impacto, aquele que consegue “viralizar” o seu projeto e a sua marca.
Em uma boa estrategia de marketing, poderíamos dizer que o ambiente instagramável que cumpre o seu papel é aquele que consegue expressar os seus valores, identidade que deseja comunicar aos clientes e o branding da marca.
Entretanto, o que muito se vê por aí é o “like” a qualquer custo.
Nos últimos anos, eventos de decoração que reúnem diversos profissionais e ambientes, nos mostraram que o mercado de interiores em muitos casos se entregou de vez ao marketing digital em detrimento da boa arquitetura.
Mostras de decoração tem uma certa liberdade criativa para causar impactos e lançar possíveis tendências para o mercado, porém o que se vê são profissionais se debruçando em pesquisas para executar os elementos certos, as cores “do momento”, a composição e o ângulo com aquela luz infalível que todos vão querer garantir um clique para pertencer e consumir aquele espaço e se tornar “trend”, nem que seja por um certo momento em uma parede com neon ou sobre um balanço em um local inusitado.
Mas você deve estar se perguntando: e o que seria então essa tal de boa arquitetura deixada de lado?
Pois bem, a boa arquitetura é muito subjetiva, porém não há dúvidas que aquela que nos conta uma estória, que resgata fragmentos da memória, que nos acolhe com conforto e ergonomia, que nos convida a ficar e descobrir aos poucos cada detalhe, que se preocupa com a sustentabilidade e o reuso dos materiais, essa arquitetura todos gostariam de vivenciar muito além de um clique.
O perigo dos ambientes instagramáveis que funcionam tão bem em mostras de decoração que buscam vender os fornecedores que apoiam o espaço e se vender como objeto de desejo para os futuros clientes, é transportar esse conceito de marketing digital, cujo objetivo é criar uma instalação artística e gerar conteúdo orgânico, para as reais moradias.
Encontrar o meio termo entre o que se vê no Instagram e o que funciona a longo prazo é o desafio daqueles que se preocupam em entregar para os seus clientes um projeto residencial que tem a alma de cada um, por mais que eles consumam esse tipo de conteúdo, e não apenas garantir um portfolio instagramável.
O assunto é extenso e o futuro assusta.
Será que viveremos em ambientes para serem vistos ou viveremos respeitando as nossas individualidades?
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