Além dos trabalhos nos escritórios, participou como assistente de curadoria de André Corrêa do Lago no Pavilhão Brasileiro na 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza, de 2014.
Em 2015, passou a produzir peças de mobiliário independente, área que tem se dedicado cada vez mais. Sua estréia como designer aconteceu na terceira edição da feira MADE, para a qual desenvolveu móveis conceituais.
- Você sempre viveu rodeado por arte, arquitetura e design. A escolha pela arquitetura foi desde pequeno? Venho de uma família de arquitetos. Meu pai – Ruy Ohtake – meu tio e minha mãe são arquitetos. A arquitetura faz parte das minhas referências diárias, foi um caminho natural.
- O Design é algo recente, faz 2 anos que começou a produzir especificamente mobiliários, como está sendo esta experiência?
Desde os meus primeiros projetos eu sempre desenhei alguns móveis, principalmente fixos, para complementar a arquitetura.
Então, fui convidado pelo Bruno Simões, meu amigo, para participar da MADE 2015, e foi aí que acredito que abracei o desafio de ser um designer. Eu tive que criar uma peça para apresentar na feira em 40 dias. E aí surgiu a cadeira Vitis, modelei a mão, de forma bastante intuitiva, com formas livres.
Desde então, venho desenvolvendo mobiliário independentemente da arquitetura. - Como é a sua rotina e o seu processo criativo?
O meu processo de criação é bastante livre e intuitivo, a forma é meu primeiro impulso. Eu sempre começo pela forma. Às vezes eu começo sabendo a função do objeto, por exemplo cadeira ou mesa, às vezes não, como foi o caso da Vitis, em que fiz a forma e somente depois concebi sua função. Prefiro não ter um método muito definido. Mas sempre me imponho algum desafio, seja formal, seja estrutural, seja do material.
- Um aspecto importante do seu trabalho?
Para mim, o desafio. Para o cliente, a surpresa. Se ambos não forem alcançados, o trabalho não foi plenamente realizado. - Quais são os seus 3 trabalhos favoritos?
O Móvel Fita foi o meu primeiro projeto de design descolado da parede, mas ainda feito para uma determinada arquitetura e, de certa maneira pelo seu tamanho, fixo. É uma peça escultural de 7m que mistura sofá e mesa ligados por uma torção na madeira, criando uma forma delicada e ao mesmo tempo muito forte. Foi um móvel que eu fiz 30 desenhos, começando com um projeto super complexo até chegar na forma final, bastante simples, mas não simplória.
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Lançamento inédito na Boobam, a linha Bu, de cadeira e mesa, são peças que se assemelham nos materiais, assim como acontece na linha Parquinho, finalista no prêmio VOGUE de design. O que inspirou o desenho das grades?
A linha Bu eu fiz para o projeto de um bar, também projeto meu, chamado Buraco, recém inaugurado aqui em São Paulo. Em uma conversa com o Zanini, ele me alertou sobre abrir o leque, ou seja, não só fazer móveis conceituais, mas também móveis com menos caráter colecionável, com linhas mais básicas, mas sem perder o conceito. Já a malha metálica é um material que eu gosto muito pela sua leveza visual e força estrutural.
- Projetos futuros?
Uma linha de móveis e objetos menores feitos em vidro. Comecei pela Luminária Fresta, atualmente em exposição na galeria Nicoli e feita em parceria com a Glass11.
- Quais artistas e designers você admira?
Sabine Marcelis, Patrick Jouin e Zanini de Zanine. Frank Gehry, Toyo Ito e Sou Fujimoto. Richard Serra, Dan Flavin e Nino Cais.
- Sites favoritos?
Archdaily é o único que leio todos os dias, por causa da ótima newsletter. Para design, eu prefiro seguir os próprios e ver no instagram. Muitos designer publicam ali desde seus processos criativos, passando pelo produto final, até sua visão sobre o mundo. É isso que mais me interessa.
- Se pudesse eleger sua peça preferida, de design/arquitetura, qual seria?
- Guggenhein de Bilbao. Pela sua liberdade formal, pela inovação material, porque já visitei e vi que funciona muito bem e pelo impacto mundial que ela teve.
As criações de Rodrigo Ohtake podem ser encontradas na Boobam.
Celina Mello Franco
Liliane Abreu