Você sabe o que é muxarabi?
A história conta que vem do árabe sharaba, que significa beber. São pequenos balcões onde treliças de madeira faziam jogo de luz e sombra (e escondiam as mulheres), onde se armazenavam potes de água, passando a designar painéis com desenhos rendilhados, resgatados atualmente por vários arquitetos.
Essa inspiração norteou o arquiteto Joaquim Meyer no projeto de um apartamento para um jovem casal, bastante amplo, com generosos 430 m2, pé-direito alto e muita luz. Uma surpresa aconteceu em meio às visitas com os clientes para amarrar o projeto: pais de um menino de quatro anos, receberam a boa notícia de que um novo membro da família estava a caminho. Sorte do arquiteto que pode planejar tudo exatamente como a família precisava.
A reforma foi completa e ao abrir toda a sala e retirar paredes e esquadrias que davam para as varandas foi criado um grande espaço aberto, trazendo a vista e a luz natural para dentro de casa e aumentando a circulação de ar.
A área social foi totalmente aberta integrando estar, jantar (com mesa para dez pessoas), sala de TV e as duas varandas. Tudo com o tão sonhado pé-direito alto que passou de 2m55 para 3m15. Com isso, as vigas ficaram aparentes e foram imediatamente incorporadas ao projeto, que ganhou uma pegada ainda mais contemporânea.
“Isso trouxe bastante amplitude…Ainda criamos jardins verticais e horizontais nas varandas, onde tem até uma jabuticabeira” conta Meyer.
Um grande problema do imóvel era a alta incidência solar durante todo o dia. A solução encontrada pelo arquiteto acabou se tornando um dos pontos altos do projeto. Ele criou para as varandas, portas com os tais muxarabis, que além de trazer um charme todo especial ao décor da sala, ainda permitiu a criação de diferentes cenas ao longo do dia: portas totalmente fechadas, parcialmente abertas, escancaradas e, claro, o controle da luz, do vento e do calor.
O recurso, aliás, foi repetido na cozinha, com muxarabis brancos separando a área de serviço, o que garante privacidade, sem tirar totalmente a luz e a ventilação natural.
Na área íntima, os quartos dos filhos – que precisavam ser pensados para durar até a adolescência – ganharam tons sóbrios e soluções inteligentes, como uma mesa de estudo com tampo que tem vários níveis de altura. Assim, ela cresce junto com as crianças. E o quarto extra ganhou marcenaria em L que une as duas funções do cômodo: estante de livros com armário baixo e bancada no home-office e armário maior com araras, gavetas e nicho para a TV de frente para o sofá-cama.
Já o quarto do casal ganhou detalhes como um aparador em carvalho com portas de palhinha e um closet bem funcional.
Dez meses de obras valeram a pena para esperar o resultado: trouxe muita luz natural, o surgimento de uma cozinha com ilha, além de cômodos confortáveis para todos como a suíte master com walk-in closet para o casal, dois quartos com pegada lúdica para os filhos e mais um para abrigar o home-office/quarto de hóspedes para receber os parentes que moram fora do Rio.
Em todo o imóvel, a paleta de cores é neutra, o que ajuda a destacar a decoração e o paisagismo. Tudo selecionado cuidadosamente. A sala de estar, por exemplo, ganhou pintura exclusiva de Lin Lima, feita em tons de verde para combinar com o jardim, além da mesa de centro de Maria Cândido Machado.
No jantar, o destaque é o tríptico de Bokel, em companhia da mesa Bizzet de Jader Almeida e as cadeiras Cantu e Oscar, de Sérgio Rodrigues. E, nos quartos, a marcenaria desenhada exclusivamente pelo escritório para o projeto de forma a transformar o imóvel no verdadeiro apartamento dos sonhos.
Arquitetura: Joaquim Meyer
Fotógrafo: André Nazareth
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