Tudo começou porque meu filho deixou aqui em casa por alguns dias um aquário com um peixinho negro e esvoaçante, presente da avó materna da minha neta. Deixou ordens expressas. Que a comida eram cinco bolinhas microscópicas uma vez por dia. “Não dêem mais senão ele morre!”. “Pode mudar a água?” “Nãooooo”.
Apesar de amar bichos – já tive tartaruga, pintinho, gato e cachorros – nunca prestei atenção nesses seres minúsculos que vivem de um lado pro outro em ambientes tão reduzidos. Fiquei pensando se sentirão falta da imensidão do mar ou dos rios e lagos, mas parece que não, os ornamentais são todos de cativeiro.
Resolvi pesquisar e recebi muitas dicas de amigos. Primeiro, soube seu pedigree: Betta Splendis. De fácil manejo e pode viver até seis anos. Mas atenção: não pode conviver com outro peixe porque vão se matar (!), mas se um espelho for colocado num dos lados do “container” por alguns minutos, ele vai achar que é outro peixe e vai sair por instantes de sua vida solitária. Parece que são observadores e depois de algum tempo reconhecem o dono e ficam “encarando”, o que deve dar uma certa aflição.
Bem, mas os aquários… Muita gente acha cafona, mas é indiscutível que fascina. O movimento dos peixes é quase hipnótico. Outros dizem que não traz sorte. Será?
No seriado da Amazon Prime, Homecoming, a introdução são peixes atravessando a tela dentro de um aquário que fica no consultório da protagonista, Julia Roberts. Na verdade, a sala já tinha um aquário quando ela chegou. Como estou começando a ver, não sei se o aquário tem alguma coisa a ver com a história.
A designer de jóias Iara Figueiredo ao sair do dentista deu de cara com uma loja de peixes. Era seu sonho ter um aquário. “Entrei na loja e quis o que vi com tudo dentro. Levei até a cômoda onde estava depositado. Ele agora está no lounge da minha casa“. Fez amizade com o dono, o biólogo Robson Aragão, que dá lhe dá consultoria permanente. “Claro que tenho uma pessoa que controla a água e os tratamentos, isso não sei fazer“, explica. Mas participa de grupos de aquaristas e seus peixes são de água salgada. “Já tive cavalos marinhos e ouriços. Fico olhando os bichinhos com a lupa“, explica, acrescentando que numa das edições da Art Rio montou seu expositor de jóias como se fosse um aquário, mas retirou os peixes logo depois para não ser acusada de maltratar animais.
É difícil algum arquiteto ou decorador sugerir ao cliente que introduza um aquário em sua casa. Mas nunca se negam a adaptar a peça à decoração de melhor forma possível. O arquiteto Jairo de Sender usou um numa das edições do Casa Cor na Villa Aymoré, mas confessa que nunca em residências. “Mas tenho uma simpatia enorme por eles“.
O designer Avner Posner desenvolveu uma luminária aquário para o ambiente Sala do Pai Solteiro na Mostra Morar Mais por Menos em 2017. “A inspiração eram as crianças, por isso fiz uma decoração lúdica. A luminária tem lâmpada LED que não esquenta e possui base de vidro para ser recipiente de peixes. A espécie Beta não precisa de bomba de oxigenação pois o peixe respira fora da água (outra dica!) É preciso limpar e trocar a água semanalmente, assim como as plantas naturais para que o peixe tenha abrigo. Tornou-se um ponto focal para a mesa de jantar“.
E paludário? Já ouviram falar? Pode ser chamado também de aquaterrário e combinando água e terra onde é possível criar anfíbios, peixes e animais de pântanos. A paisagista Rayra Lira em parceria com o aquarista Gabriel Bassen criou, para o Loft do Casal Ciclista de Cristina Cortes e Claudia Prado, no Casa Cor 2019, um paludário exótico composto por samambaias espanholas, renda portuguesa, costela de adão e tilanticia bromélias. Foi inserida também uma rocha dentro da parte aquática para parecer que as plantas saem de dentro dela. “Usamos essas espécies inspiradas nos rios do Jalapão para chamar atenção na questão ambiental, pois o local está perdendo turistas por conta da falta de visibilidade dos rios causado pelo desmatamento no entorno. Com isso, levamos um jardim vivo para dentro dos ambientes fechados”, explica a paisagista que já instalou alguns deles em varandas e escritórios.
Se você adora aquários, mas não quer ter um em casa fica a sugestão: dê um passeio pelo Acqua Rio por onde nadam cinco mil peixes de 350 espécies divididos em 28 recintos em 26 mil m2 de área construída.
Foto da capa: Reprodução Indesign / Lori Ludwick
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