Sei de cor os ditados e as superstições que volta e meia minha mãe soltava. “Mentira tem perna curta”; “Criança que brinca com fogo faz xixi na cama”; “Chinelo virado pra cima morre a mãe”; “Quem nunca comeu melado quando come se lambuza”. São inúmeros e tão divertidos – na maioria das vezes – que depois de tantos anos tenho saudade de ouvir sua voz dizendo “não abre guarda-chuva dentro de casa que dá azar” e eu corria para fechar o dito cujo.
Meu filho ainda repete algumas pérolas que passei para ele, mas a que mais gosta é “Não sou sócio da Light”. Coisa de quem já se preocupa com o orçamento…
Mas “vão-se os anéis e ficam os dedos” é o que penso no momento, melancólica, vendo aproximar-se o Dia das Mães, data que não engulo muito bem e ao mesmo tempo tem o dom de me emocionar. Mas tem dia de ser mãe? Não são todos os dias?
Segunda data mais importante para o comércio, o Dia das Mães teve sua origem na Grécia antiga, na entrada da primavera, quando se homenageava Rhea, a mãe de todos os deuses. No começo do século XX, a filha da ativista norte americana Ann Jarvis conseguiu entronizar o dia 9 de maio em homenagem à sua mãe, mas o dia dedicado a elas só foi oficializado em 1914, pelo presidente Woodrow Wilson. No Brasil a comemoração surgiu em 1918 no Sul, tornando-se data nacional em 1932 no governo de Getúlio Vargas, sempre no segundo domingo do mês de maio, mês de Maria.
Os presentes não podem faltar. E o que costumam ganhar as mães em sua data? Liquidificadores, batedeiras, panelas novas, às vezes um fogão muito desejado. Presentes pra casa, no frigir dos ovos (ops). Ou mãe também não é a rainha do lar?
Só para ilustrar, e não estamos nos anos 1950, minha neta me apresentou aos filminhos de televisão “Little Angel”, que ela adora. É a família Margarina, aquela perfeição. Não nego que são umas gracinhas, mas, sobretudo a mãe, que tem três filhos pequenos, está sempre impecável, de vestidinho florido e sorridente diante de qualquer problema. Pia cheia de louça para lavar nunca vi. Nem quarto intransitável com brinquedos espalhados pelo chão. Com três miúdos? Sonho.
A mulher que lutou para ter direito ao voto, queimou soutiens em praça pública, conseguiu chamar a atenção para o abuso sexual com o #metoo e é chefe de família em mais de 50% dos lares brasileiros sabe escolher o que quer. Seja o modelo de carro que caiba no seu orçamento ou a melhor safra de seu vinho preferido. Nada de “cadeira do papai”. Ela quer é uma Charles Eames com pufe para descansar seus pezinhos. Pratos, vá lá, também podem entrar na lista. Mas que sejam Vista Alegre, please.
Tudo bem, fiz uma lista bem elitista. E se “minha orelha ficar ardendo, é que estão falando de mim”. Mas há males que vêm pra bem e o que não mata engorda.
Mãe sinto muitas saudades de você.
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