Fio condutor

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Qual tema não foi discutido exaustivamente durante essa pandemia? Buscando um fio condutor para a coluna encontrei tantos relatos semelhantes aos que eu poderia descrever que fiquei perdida.

Mas vamos lá. Como nos anos 70 ter uma estante misturando livros e objetos era obrigatório, pensei em todas as que montei, desde a primeira, recém casada, até as últimas, desfalcadas de muitos títulos que não seriam, com certeza relidos mas abriram lugar para novos autores, mais focados, sem best-sellers previsíveis.

Aproveitando, queria compartilhar o quanto estou  apaixonada pelo “Torto Arado”, de Itamar Vieira Júnior. Na minha opinião será um clássico. Daquele tipo que vai entrar nas provas de vestibular, ENEM e afins. Estou guardando o finalzinho porque não queria que acabasse. Recomendo muito e conto também que além dele ter ganhado o prêmio Leya, (em Portugal), o Jabuti e o Oceanos, de estar há semanas em primeiro lugar na lista dos mais lidos, já vendeu mais de 100 mil exemplares. Esse vai ficar na prateleira perto de Machado de Assis, Jorge Amado, dos latinos Gabriel Garcia Marques, Piglia, Jorge Luis Borges, de Simone Signoret e até Stephen King, que adoro.

Todos agora estão no meu home-office, essa palavrinha tão em voga, mas um cômodo que me acolhe desde o final dos anos 1980, quando me tornei uma jornalista freelancer. No meu primeiro “escritório”, a mesa era grande e a Lettera 22 ainda dominava. Fazendo entrevistas pelo telefone passei vergonha com os latidos do cachorro e as perguntas dos moradores da casa. “Mãe, posso chamar um amigo pra brincar? Poooossooo? – O que a senhora vai querer para o almoço? “Sabe onde está o meu relógio? “Ossos do ofício… Mas tenho saudades do barulho do teclado, das folhas e laudas amarrotadas e da balbúrdia que interrompia meus pensamentos.

Trabalho agora num quarto menor, que vem sofrendo modificações e onde os livros se amontoam esperando uma arrumação à altura. Agora misturados aos Diários de um Banana e Tintim, os preferidos do meu neto. O silêncio às vezes irrita (quem diria) e o trabalho de outras épocas vai ficando cada vez mais raro.

Meu décor também sofreu baixas. Com um acervo de objetos e revistas completamente desnecessários, o confinamento me empurrou ao desapego, coisa que a maioria das pessoas que conheço também praticou. Três baixelas? Revistas dos anos 1970? Quatro aparelhos de jantar? Quem precisa?  Nada como um casal jovem e dois netos para me fazerem voltar à razão. Dei, vendi, e ainda estou procurando quem queira. O alívio é grande, acreditem.

Não fiz lives nem talks, thank God. Mas fico pensando qual canto da casa escolheria para gravar já que minha biblioteca está em construção? Afinal, gente bacana e inteligente tem que ter estantes repletas de títulos eruditos, algumas vezes milimetricamente dispostos outras com uma estudada desarrumação…

Quem também não investiu em aparelhos eletrodomésticos para facilitar o trabalho de casa? Eu confesso: máquina de lavar nova, airfryer, batedeira aerodinâmica, filtro com água gelada, robô aspirador.  Infelizmente, ainda não encontrei lugar para um lava louças. Uma pena. Ah sim. Também teve colchão novo.

A missão do momento é comprar sofás novos ou forrar os antigos. Afinal é da cama para o sofá, do sofá para a mesa e de volta à cama. Meu filho diz que preciso de modelos modernos. Será? Já estou à procura, mas entre les deux mon coeur balance. O pior é que, trocados os sofás, mais uma corrida: acho que vão merecer novas almofadas.

Semana que vem trago novidades, pesquisas e nada de falar em pandemia. Já me vacinei, não virei jacaré e quero ver a vida cor-de-rosa novamente. Ih, será que pinto uma das paredes de Pink?

Suzete Aché

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