E aqui estamos outra vez, juntos, iniciando um novo ano. Esse intervalo nas crônicas das Quartas me deu tempo de juntar todas as pedras que encontrei pelo caminho e fazer um balanço desses 365 dias que abalaram o mundo.
Descobrimos que existe uma cidade chinesa chamada Wuhan de onde saiu a praga que matou, segundo estatísticas, mais gente do que na Segunda Guerra Mundial. Muito triste.
Mas descobrimos novos prazeres, novos afazeres, novas aptidões. Deu tempo de repensar a decoração da casa e de jogar fora fotos e papéis que não vão interessar a família no futuro.
Começo o ano com muito prazer, apresentando um amigo de mais de 20 anos, Gustavo Portela, meu diretor de arte durante anos na revista Magazine do CasaShopping, artista em várias áreas, designer gráfico e de interiores que surpreende por seu traço leve e perfeito.
Recentemente ele descobriu uma nova maneira de expressar-se e mostramos aqui, na Conexão Décor, um pouco do seu novo trabalho.
” Peixes sempre me fascinaram. Na adolescência fui aquarofilista, encorajado por Seu Lourenço, o amável português dono da Florbella, em Copacabana. A enorme e deslumbrante parede de aquários no fundo da sua loja fazia dela uma parada obrigatória depois do colégio, antes de voltar pra casa.”
Mas tudo começou quando, em 1982, sua mãe resolveu pintar porcelana.
“Ela me ensinou a técnica do “canetado” e pintei uns pratos usando desenhos de peixes em bico de pena que tinha feito alguns anos antes, inspirados no meu aquário e num álbum do Aldemir Martins dos meus pais. Ficou tão bacana que completei os 12 desenhos para fazer um jogo que acabou virando meu presente de praxe para amigos e família,” conta ele.
“Em 2014 minha sobrinha Amanda se casou e, como tinha prometido a ela, pintei um jogo, desta vez com direito a um super estojo para presente. Desde então venho produzindo e aumentando essa coleção e desenvolvendo outras.”
Carioca do Leme, Gustavo fez um belo trabalho de pesquisa e encontrou fontes de inspiração nos lugares mais inusitados.
“Na virada dos anos de 1950 para 1960, muitos prédios em Copacabana tinham pequenos lagos ou aquários nas portarias. Esses elementos arquitetônicos encantavam moradores e visitantes. Infelizmente, ao longo dos anos, muitos laguinhos que abrigavam principalmente carpas, viraram canteiros de plantas ou foram cimentados. Os aquários embutidos nas paredes foram simplesmente concretados.
O toque kitsch, que dava charme e personalidade às portarias, cedeu lugar à aridez que a falta de informação e o descaso com a arquitetura propiciam. Felizmente o condomínio do Edifício Rory (Rua Bolívar 116) faz questão de cuidar até hoje do belo aquário que lá existe desde 1959, quando o prédio foi inaugurado“, explica o artista.
E acrescenta: “Muitas ideias me foram trazidos pelo Zé Luca, meu companheiro, que em suas andanças sempre garimpa achados interessantíssimos com seu olhar único e apurado senso estético“.
Gustavo faz questão de frisar que 2020, malgré tout, foi muito produtivo para ele que fez o design gráfico de três livros e montou seu novo negócio criando coleções, embalagens, marcas, produtos.
E achou um jeito de se divulgar através de posts no Instagram mostrando seus produtos e algumas curiosidades relacionadas à arquitetura, arte e ao universo aquático.
“Sempre há um resgate afetivo em cada um desses posts, tanto para mim quanto para outras pessoas que se identificaram com muitos deles e se expressaram através de seus comentários.”
Cada um dos peixes que desenha está identificado com seu nome popular e científico e todos os riscos são guardados.
“Estilizo o peixe no papel, guardo o “molde” e depois vou preenchendo o desenho à mão livre“.
Se no princípio eram todos na cor preta, as encomendas foram ganhando cores e agora os jogos são embalados em caixas de cartão com feltro separador ou estojos de madeira, forradas de tecidos com separadores do mesmo padrão.
Mas as algas e outras plantas aquáticas também deslumbram e ornamentam várias peças das coleções.
O designer conta que o naturalista austríaco Johann Natterer, que fez uma expedição pelo Pantanal e pela Bacia Amazônica em 1820 (que durou 15 anos) e coletou mais de 50 mil peças zoológicas e etnográficas, foi outra de suas inspirações.
“Nessa aventura épica Natterer desenhou inúmeros peixes brasileiros criando um acervo impressionante. Suas soberbas aquarelas estão entre as melhores representações jamais feitas sobre peixes fluviais brasileiros”
Este ano Gustavo também fez uma collab com a interior designer Fernanda Pessoa de Queiroz para sua loja Lá em Casa, fazendo desenhos de seus peixinhos para as peças de ágata da coleção da marca.
Se você leu, viu e amou – como eu – os produtos de Gustavo, pode encomendar pelo whatsapp 999497395 ou pelo direct do Instagram.
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